Durante mais de uma hora fui reparando pela porta aberta do useiro e vezeiro antro, numa senhora demasiado manca para tanto afã de volta do automóvel e demasiado idosa para estar de pé àquela hora na rua. A conversa foi longa e portanto o fecho da noite também e só quando saímos todos nos demos conta da preocupação da senhora, voltaria para casa hoje, em Newark, num vôo de oito horas e meia que partiu às 11:35h, assim assinalava o bilhete, coisa que os setenta e muitos anos baralharam e ficou sem certezas da hora, se às 8:30h ou se às 11:35h, do vôo que não podia perder, fá-la-ia também perder também a operação à perna.
E como tão depressa não voltará cá ao burgo, deu baixa de todos os serviços(água, luz e telefone) que também não usará. Assim também não tinha forma de telefonar para a agência a confirmar a hora do vôo, pensou em ir ao aeroporto, mas o caminho também não o sabia, vai sempre de táxi. Só quando lhe confirmá-mos que o vôo era realmente às 11:35h voltou o brilho e paz à sua face. Disse-nos claramente "Vocês são uns anjos! Mas se perco o vôo vão-se haver comigo!".
“The part of life we really live is small.” For all the rest of existence is not life, but merely time. Seneca dixit. Boa viagem, vizinha!