Textículo (*) s. m., texto ridículo; texto pequeno. (* não existe no dicionário)
6.4.09

Questiono-me se a análise estritamente cientifica do mundo à nossa volta explica tanto quanto desejaríamos, existem relatos desde o princípio dos tempos um pouco por todo o lado de visões, aparições, espíritos e fantasmas e outros factos inexplicáveis, também há quem tenha premonições e que sinta presenças maléficas, as explicações invariávelmente são declaradas em vez de comprovadas. Só que afirmá-lo não o confirma e as ciências são incapazes de reconhecer estes fenómenos, apenas aqueles que podem ser repetidos, reproduzidos e demonstrados e consequentemente provados, ainda assim o mundo continua o mesmoa despeito daquilo emque se acredita. Eu próprio podia negar a existência da gravidade e ainda assim despencar-me do alto dum penedo.

 

Pelo menos por príncipio a ciência procura derivar dos factos, teorias que os descrevam, até aqui tudo bem não fossem raras as vezes, tal como ideólogos munidos de teorias renegar factos que não lhes fundamentem as conjecturas, não esquecendo, obras do "acaso" como a descoberta de um fungo milagroso ou de uma onda extraordinária. Se um cometa inexplicavelmente mudasse de rota, um astrónomo iria à procura duma influência gravitacional, só para judiar, afirmaria que uma manada de unicórnios invisíveis seria a responsável.

 

Vem isto a propósito, lido no Expresso, duma suposta acreditação por parte do Ministério da Educação de um curso de formação para professores prestado na Fundação Casa Índigo. Então esta malta anticreacionista que retirou e muito bem, os crucifixos das paredes das escolas certifica um curso cuja linguagem inclue coisas como o "conselho galáctico"; "chamado mítico", "seres de luz"; "guerreiros do arco-íris"; "o Amor das Galáxias Giratórias"; "o Grande Espírito"; "Prece Colectiva das Sete Chamas Sagradas". Não renego à partida uma "ciência" que desconheco, só peço que esteja afastada da escola, ainda assim não quero que uma qualquer "ressonância vibracional" me desvie do meu "compromisso com a luz". :)

 

 

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20.3.09

Um lemming com a sua minúscula rede neuronal questiona-se sobre a improbabilidade de não nos termos já precipitado todos dum penedo qualquer. E se a ideia da Humanidade se estar a aperfeiçoar, um aforismo fabricado pelo ego em quilo e meio de massa cinzenta, as últimas quinhentas gerações curiosamente rejeitam tal racionalidade nos comportamentos. Não há evolução, as cabras ainda não fazem ninhos nas árvores.
 

Os selvagens lutavam regularmente com as tribos vizinhas por cavalos, caça, água ou mulheres, não obrigatóriamente por esta ordem, os astecas inventaram a remoção cirúrgica do miocardio como meio de rogar aos deuses cavalos, chuva, colheitas e mulheres, de novo a ordem não interessa, estes sacríficios horrorizaram os espanhóis, um povo civilizado que já fazia churrasco de hereges e até aos nossos dias foi um pulinho cheio de crueldade. A construção dum míssil balístico intercontinental contêm em si própria a mesma elegância de colocar um prego na ponta dum cajado. Por outro lado no exacto momento em que julga a juventude perceber tudo melhor que os próprios pais,  alista-se na próxima cruzada que tome Jerusalém ou até salve o mundo do FMI, tudo em nome de princípios e de forma tão persuasiva quanto barulhenta, não é necessariamente estúpida, embora por vezes o simulem bem.

 

Mas enquanto sociedades, organizações ou razões, o ímpeto apostólico usualmente pavloviano que espuma argumentação, indignação e agressão, porque falar é sempre mais fácil que agir e a civilização têmpera a barbárie, esquece-se que o âmago não está em se ter razão, está em melhorar a vida alheia, está em que morram menos uns quantos.

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10.11.08

Vou-me repetir ao usar o primeiro parágrafo do post anterior. "No geral, toda a ocupação puramente intelectual proporcionará, ao espírito capaz de a executar, muito mais do que a vida real com as suas alternâncias constantes entre sucesso e fracasso, acompanhados de abalos e tormentos. Dessa maneira, é aconselhável suspender inteiramente tal ocupação por algum tempo, quando surgirem circunstâncias que exijam de algum modo uma actividade prática e enérgica."

 

É bonito ver esta vivacidade consagrada à religião e a técnica de pés de alguns daqueles patriarcas ortodoxos gregos e arménios. Não são apenas os monges shaolin que sabem dar pontapés.

 

Fez-me lembrar as belas e semanais cenas de murro e sapatada à porta da mesquita Al-Azhar no Cairo, por altura da polémica das caricaturas de Maomé. Os fiéis manifestantes muçulmanos que saiam da mesquita enfurecidos com o insulto ocidental, do lado de fora os fiéis mais moderados e "gulosos"(Trianon é uma rede de pastelarias de doces dinamarqueses, muito na moda no Cairo) e a polícia que tentava por fim à arruaça.

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