Num espectáculo de stand-up comedy Bill Cosby contou que certa vez perguntou porque razão alguém se meteria na cocaína e responderam-lhe que esta droga intensifica a personalidade ao que retorquiu "E no caso do sujeito ser um imbecil!?"
Esta alegoria serve para abordar as palavras de ordem hoje em dia, autenticidade, pôr cá fora o eu, o ser verdadeiro e transparente, porque é isso que cativa as pessoas. A sério!? E se o eu-autêntico for acanhado ou desinteressante ou mau carácter ou chato de caraças, vem malta a correr dos quatro cantos da Terra apenas para ver com o tal guru autêntico? Não me venham com essa palhaçada individualista de criancinha birrenta eu-sou-assim-agora-aturem-me.
A autenticidade é indispensável para que vivamos bem na nossa pele mas por sí só não é garantia de sucesso no "mercado das atenções". Para além de autêntico há que ter significado, não é algo que nasça connosco, cria-se e recria-se a cada passo com quem nos cruzamos, tem de existir um impacto, uma marca, um elo partilhado. E errado, não aumento a minha autênticidade escondendo a identidade, ainda assim é uma sensação muito libertadora, confesso! E nem sequer é o ter algo importante ou sensato para dizer.