O desportista de sofá, recostado e confortável, olha para a caixa-de-lobotomia(vulgo televisão) e acha que o Usain Bolt corre como o vento só porque tem pernas, dúvida que a sequência genética do Michael Phelps não esteja, ela, enxertada de golfinho e desconfia que a origem da espiritualidade podal de Leonel Messi é devida aos deuses da redondinha. Não vê as horas suadas, os quilometros corridos, a repetição das técnicas, o estudo e a elaboração de estratégias, treinam-se para festejar, trabalhando, num Mundial, nuns Olímpicos.
Fareja-pechinchas, fashionistas e povo em geral consome. No fundo treina-se o ano inteiro para chegar a esta altura e redescobrir que o Natal não é boa-vontade e abundância massificada, é também consumo, um produto. Então por alturas do solstício montado em renas, surge o espírito do Natal como metáfora do consumo dádiva, é o mesmo mecanismo que busca uma autênticidade ou desculpa para se tatuar o corpo, um escapismo que justifique o acto e aplaque idealismos, frustrações ou conveniências.
Não peço mais que momentos em família, até porque podem ser os últimos e por isso todo este cinismo.