Textículo (*) s. m., texto ridículo; texto pequeno. (* não existe no dicionário)
22.2.10

Qualquer passagem por Zamalek, fosse para jantar no "La bodega", beber o café no "Cilantro" ou no "Beano's", nunca ficou completa sem uma passagem pela Diwan.

 

Devo-lhe horas de leitura de autores árabes, como o "The Yacoubian Building" do Alaa-Al-Aswany. Acho que ainda trouxe de lá livros que ainda nem sequer li. Shame on me.

 

 

Surgiu-me no Facebook e adicionei-a logo.

 

 

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1.2.10

Por esta altura, à quatro anos, vivia-a eu no Cairo quando a CAN foi disputada no Egipto e tal como ontem a sua selecção venceu. Recordo-me de ter andado a passear nesse dia e no final fui jantar com colegas num restaurante brasileiro em Mohandessen, onde assisti à final.

 

 

Terminado o jantar e desfeita a tensão do jogo o restaurante encheu-se de  festa, quando sai a rua estava cheia de gente orgulhosa a festejar vitória, nas formas mais loucas imagináveis, cheguei a ver maltinha com a roupa em chamas enquanto brincavam com latas de spray e isqueiros. Já dentro do carro levei duas horas a percorrer cerca dum 1.5km. Até então jamais vira tamanha entrópia e durante horas gritou-se «MASR!!», Egipto em àrabe. Como o trânsito não andava desatei a fotografar os festejos. Ontem deve ter sido parecido.

 

Down under, a Serena Williams e o Federer suaram e venceram o Australian Open, cimentando as primeiras posições de ambos no ranking  afirmando também um ténis dificilmente superável pelos adversários.

 

 

 

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29.1.10

Então é assim; Será que a Justine Henin, sem raking mas com muito ténis vence a Serena Williams, mantendo a tradição de a americana apenas vencer em Melbourne em anos ímpares. ou a Serena dá um correctivo na belga por a ter abandonado a dominar o circuito; E será que o Andy Murray vai mostrar ao Roger Federer, que lá porque o Nadal não está presente para defender o título, que terá a tarefa mais facilitada, ou o Federer vai mostrar a 'arte de bem volear em todo court'.

 

مصر‎  يلله (iála masr) Vamos Egipto!

 

Parabéns à Michelle Larcher de Brito, que completa hoje 17 anos.

 

 

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8.1.10

Djehuty é o nome do deus, do Antigo Egipto, da sabedoria, escrita, magia, medição do tempo, etc. Durante o período ptolomaico, após a morte do grande macedonio, a cultura e a religiosidade egípicia e helénica cruzaram-se abrindo as portas do Olimpo a Djehuty, passando a chamar-se Tôt. Enquanto Tebas(hoje Luxor) e Alexandria competiam pelo dominio do conhecimento, do encontro sincrético entre Hermes e Tôt, através dos papiros de Seshesh que compilavam a filosofia, astrologia, teologia e alquimia egípicias, nasceu uma nova disciplina, o hermetismo, e uma divindade Hermes Trismegisto, muitos foram os gregos que acorreram à biblioteca de Chenoboskion e aos templos de Hu em busca de esclarecimento. Depois chegaram os romanos e Diospolis Parva continou a chamar a si aqueles que procuravam respostas no conhecimento antigo, entre eles uma nova "tribo", que aqui fixou uma das mais antigas comunidades cristãs, logo após a morte de Cristo, onde nasceu o gnosticismo e foi encontrado o evangelho de Tomé, entre outros documentos antigos, esquecidos à muito com a chegada do islão a Naj Hammadi ( نجع حمادي ).

Os coptas, cristãos na alçada da igreja ortodoxa grega, são uma minoria com a liberdade cerceada no Egipto. Recordo um dia, por inocência, perguntar ao Sammi se ele tinha problemas em trabalhar numa cafetaria durante o mês do Ramadão e ele subir a manga da camisa e mostrar-me uma cruz tatuada no interior do pulso. Ficou respondido.

 

 

Um abraço à comunidada e à rapaziada, colegas e amigos, coptas no Egipto, após os incidentes da noite de Natal em Naj Hammadi. E como conto por amigos tambem muitos muçulmanos, um abraço também. Vá lá entendam-se!

 

 

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11.12.09

«Mokhtar sentou-se na esplanada de um café de aspecto sórdido, mas cujo rádio difundia uma melodia da cantora mítica que lhe fazia lembrar Malika, a sua mãe, que não podia ouvir este lamento de um amor perdido sem que os olhos se lhe marejassem de lágrimas.

A esta hora matinal, para além de um jovem adormecido sobre um banco, como um destroço rejeitado pela noite, o local proporcionava uma calma, sem dúvida precária, mas por agora propícia à reflexão.

Evidentemente, não estava nas suas intenções reflectir de novo sobre a perenidade da estupidez humana, nem vituperar os lastimáveis dirigentes deste mundo, pois todos estes indivíduos se encontravam há muito esgotados e não eram merecedores de qualquer outra crítica mais aprofundada. Numa palavra, o que ele desejava de imediato era um recanto tranquilo onde pudesse recordar – antes que perdesse todo o sabor – o incidente burlesco que precipitara o seu despedimento do lugar de professor de uma escola de um bairro popular da cidade costeira, considerada histórica, a que chamam Alexandria.

Tudo começara por uma discussão sem motivo aparente com o director do estabelecimento escolar, um homem pleno de ignorância e, ainda por cima, casado com uma mulher feia. Esta dupla particularidade tornava-o detestável e intolerante nas suas relações com as pessoas inteligentes e solteiras.

Após algumas insinuações pérfidas acerca da concupiscência ligada ao celibato, este gerador de crianças degeneradas acusara-o de ter feito esquecer aos seus alunos, no espaço de alguns meses, o que eles haviam demorado muitos anos a aprender.

Mokhtar, nada surpreendido com este elogio que considerava absolutamente merecido, não pôde resistir à tentação de dar uma estocada definitiva e global na hierarquia, mesmo que esta fosse de medíocre qualidade. Respondeu com um tom de comiseração, como se estivesse a dar os pêsames a um viúvo amargurado, que os seus alunos tinham mesmo assim aprendido uma coisa muito importante para o futuro: que o director desta escola era um burro, e que era preciso substitui-lo por um burro de verdade, certamente mais agradável de contemplar.

Para qualquer espírito livre dos preconceitos seculares de sacralização do homem, era evidente que tratar um humano de burro constituía um insulto para o burro. Mas o director, incapaz de assimilar uma doutrina tão audaciosa, pôs-se a gritar que um louco estava a querer degolá-lo, atraindo com os seus berros uma matilha de salvadores benévolos que agarraram Mokhtar e o atiraram, com as imprecações habituais, para fora da escola.
», raptado a Albert Cossery.

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