Textículo (*) s. m., texto ridículo; texto pequeno. (* não existe no dicionário)
15.2.10

A menina ainda não estava desgraçada nesta altura, na apresentação da cerveja Devassa "Bem Loura", só para adultos, durante o Carnaval do Rio de Janeiro.

 

 

Haveria muito a dizer sobre esta foto, mas não há tempo!

 

Bom Carnaval!

 

 

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30.12.09

O mesmo se poderia escrever acerca dum outro país.

 

"Bem que este 2009 poderia ter sido melhor para o povo brasileiro, mas não foi, infelizmente, e muito por conta do descarado, cínico e vergonhoso processo de corrupção em vigor no País, onde as flagrantes e contundentes imagens não falam por si, não dizem nada e, logo, não valem nada, pois não provam coisa nenhuma. Sábias palavras, se aqui não nos censuram o gostinho da ironia. Convenhamos que é preciso ter “coragem” para, sem nenhum rubor nas faces, afirmar isso aos olhos e ouvidos do mundo, negar o fato concreto que cai como um bloco de cimento em cima do povo, enquanto as manchetes da imprensa local e internacional estampam os fatos incontestáveis, repercutindo a sordidez da política brasileira. É fatal: se alguém é denunciado, logo vem com ameaças: se ele cair, outros cairão com ele. E sempre funciona, pois a sujeira é de longo alcance: a falcatrua então se encaminha para o pazzaiolo, cuide ele do serviço sujo da “limpeza”. A quebra da ética com a coisa pública, com efeito, varou o ano inteiro e chega neste dezembro como um indesejado presente, ou melhor, um abominável pacote de sujeira, lama, descaramento de homens públicos e, o que é pior, quase sempre com a pizza da impunidade e da galhofa, fazendo pouco até da justiça, zombando do cidadão, do eleitor, do contribuinte, do patriota abalado em seu sentimento pátrio. Haja vista o gozo, a cópula de crápulas da cúpula ao cúmulo de se orar agradecendo a Deus pelos frutos do roubo. Vale aqui o velho bordão: que país é esse? E que homens são esses? A que ponto chegou a cretinice neste macunaímico Brasil! O mau-caratismo grassa a granel, enfiando dinheiro sujo na mala, na bolsa, na cueca, nas meias e sabe-se lá onde mais ele se enfia, não raro com as brechas das leis, com o mexer dos pauzinhos, com o safado “jeitinho brasileiro”, até com alguma conivência ou conveniência de setores dos poderes constituídos.", por Valdivino Braz.

 

Vocês sabem do que eu estou a falar.

 

 

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10.12.09

Raptada ao Combustões, «...outra página sobre a História Desconhecida dos portugueses na Ásia que se abre. Ora, esses portugueses vivendo perto da Igreja da Conceição eram nada mais que o corpo de elite do exército(...) O Príncipe de Vientiane, Chao Anou, um homem de grande carisma, pensara poder unir os principados Laos e denunciar a vassalidade que o obrigava a enviar tributo anual a Banguecoque. Confiante, deixou de enviar o "bunga mas" aos siameses, sondou os britânicos para lhes solicitar protecção e iniciou a rebelião, invadindo território siamês, chegando às cercanias de Banguecoque. No momento derradeiro, o Corpo de Artilheiros Portugueses fulminou a investida. A retaliação siamesa foi brutal. Lan Chang foi riscada do mapa, a sua capital destruída até às fundações e a população, por inteiro, transferida para aquilo que é hoje o Issan, no leste da Tailândia.». Lido nos jornais, «Pedro Teixeira:(...) Os índios brasileiros chamavam-lhe "Curiua-Catu", o Homem Branco Bom e Amigo, e quase no final da sua vida foi nomeado capitão-mor do Grão Pará. Fez-se acompanhar por índios numa expedição que partiu de Gurupá, a 28 de Outubro de 1637, com duas mil pessoas. Subiram os rios Amazonas e Negro e chegaram à cidade de Quito, actual capital do Equador, voltando a Belém do Pará 26 meses depois da partida (a 12 de Dezembro de 1639). O rio Amazonas passava, assim, a pertencer na sua totalidade a Portugal (que permanecia sob o domínio da Coroa espanhola). Um feito extraordinário para a época.»

 

And Now for Something Completely Different... pediram-me noutro dia, entre garfadas, a opinião sobre a actual política nacional, ao que respondi que estando à mesa não seria educado proferir as palavras que me corriam na cabeça. «Se a estupidez, com efeito vista por dentro, não se confundisse com o talento, se, vista por fora, não tivesse todas as aparências do progresso, do génio, da esperança, ninguém desejaria ser estúpido e não existiria a estupidez. Pelo menos seria muito fácil combatê-la. O pior é que ela tem qualquer coisa de extraordinariamente natural e convincente. Por isso, quanto alguém considera um cromo mais artístico do que um quadro a óleo, este juízo comporta uma parte de verdade muito mais simples de demonstrar que o génio de Van Gogh. Da mesma forma se torna muito mais fácil e rentável ser-se um dramaturgo muito mais poderoso do que Shakespeare, um romancista mais igual do que Goethe; um bom lugar-comum é sempre mais humano que uma nova descoberta. Não surge um único pensamento importante do qual a estupidez não saiba imediatamente aproveitar-se, ela pode mover-se em qualquer direcção e assumir todos os trajes da verdade. A verdade, essa só tem um traje, um só caminho, por isso fica sempre de pior partido.», Robert Musil, in O Homem sem Qualidades.

 

Thomas Mann chegou aos Estados Unidos dizendo: «Onde eu estiver, está a cultura alemã», houve quem atribuísse uma grande dose de arrogância a esta declaração que mais tarde o irmão explicou nas memórias com a frase de Fausto: «Aquilo que de teus pais herdaste, merece-o para que o possuas». Não fora arrogância mas sim um profundo sentido de responsabilidade que levara o escritor a identificar-se daquele modo com a sua própria cultura. Tal como antes o nobre Ulrich von Hutten, companheiro de Lutero durante a Reforma, escreveu: «A nobreza de nascimento é puramente acidental e, por conseguinte, insignificante para mim. Procuro noutro local as fontes da nobreza e bebo dessa nascente. A verdadeira nobreza é a do espírito por via das artes, das humanidades e da filosofia que permitem à humanidade a descoberta e reivindicação da sua forma mais elevada de dignidade, aquela que faz distinguir a pessoa daquilo que também é: um animal.» Arre!! Arre!!

 

 

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4.12.09

Discurso proferido por Óscar Árias Presidente da Costa Rica na Cimeira das Américas em Trinidad e Tobago, a 18 de Abril de 2009
 


«Tenho a impressão de que cada vez que os países caribenhos e latino-americanos se reúnem com o presidente dos Estados Unidos da América, é para pedir-lhe coisas ou para reclamar coisas. Quase sempre, é para culpar os Estados Unidos de nossos males passados, presentes e futuros. Não creio que isso seja justo.

Não podemos esquecer que a América Latina teve universidades antes que os Estados Unidos criassem Harvard e William & Mary, que são as primeiras universidades daquele país. Não podemos esquecer que nesse continente, pelo menos até 1750 todos os americanos eram mais ou menos iguais: todos eram pobres.

Certamente perdemos oportunidades. Lendo a história da América Latina, comparada com a história dos Estados Unidos, compreende-se que a América Latina não teve um John Winthrop espanhol, nem português, que viesse com a Bíblia em sua mão disposto a construir uma Cidade sobre uma Colina, uma cidade que brilhasse, como foi a pretensão dos peregrinos que chegaram aos Estados Unidos.

Faz 50 anos, a Argentina era mais rica que a Espanha. Em 1950, um país como o Brasil tinha uma renda per capita mais elevada que o da Coreia do Sul. Há 60 anos, as Honduras tinham mais riqueza per capita que Singapura, e hoje Singapura -  em questão de 35 a 40 anos - é um país com $40.000 de renda anual por habitante, enquanto as Honduras não passam de $4.000. Bem, algo nós fizemos mal, os latino-americanos.

Que fizemos errado? Nem posso enumerar todas as coisas que fizemos mal.

Para começar, temos uma escolaridade de 7 anos. Essa é a escolaridade média da América Latina e não é o caso da maioria dos países asiáticos. Certamente não é o caso de países como Estados Unidos e Canadá, com a melhor educação do mundo, similar a dos europeus. De cada 10 estudantes que ingressam no nível secundário na América Latina, em alguns países, só um termina esse nível secundário. Há países que têm uma mortalidade infantil de 50 crianças por cada mil, quando a média nos países asiáticos mais avançados é de 8 ou 9. Nós temos países onde a carga tributária é de 12% do Produto Interno Bruto e não é responsabilidade de ninguém, excepto nossa, que não cobramos dinheiro das pessoas mais ricas dos nossos países.Ninguém tem a culpa disso, a não ser nós mesmos. Em 1950, cada cidadão norte-americano era quatro vezes mais rico que um cidadão latino-americano. Hoje em dia, um cidadão norte-americano é 15 ou 20 vezes mais rico que um latino-americano. Isso não é culpa dos Estados Unidos, é culpa nossa.

No meu pronunciamento desta manhã, referi-me a um fato que para mim é grotesco e que somente demonstra que o sistema de valores do século XX, que parece ser o que estamos pondo em prática também no século XXI, é um sistema de valores equivocado. Como disse esta manhã, não pode ser que a América Latina gaste anualmente $50 biliões em armas e soldados. Eu me pergunto: quem é o nosso inimigo?

Nosso inimigo, presidente Correa (Presidente do Equador, amigo de Chavez), é a falta de educação, é o analfabetismo; é que não gastamos na saúde de nossos povos; que não criamos a infra-estrutura necessária, os caminhos, as estradas, os portos, os aeroportos; que não estamos dedicando os recursos necessários para deter a degradação do meio ambiente; é a desigualdade que temos que nos envergonhar realmente; é produto, entre muitas outras coisas, certamente, de que não estamos a educar os nossos filhos e nossas filhas. Vá alguém a uma Universidade latino-americana e parece no entanto que estamos nos sessenta, setenta ou oitenta. Parece que nos esquecemos de que em 9 de Novembro de 1989 aconteceu algo de muito importante, ao cair o Muro de Berlim e que o mundo mudou. Temos que aceitar que este é um mundo diferente e nisso, francamente, penso que os académicos, que toda gente pensante, que todos os economistas, que todos os historiadores, quase concordam que o século XXI é o século dos asiáticos e não dos latino-americanos. E eu, lamentavelmente, concordo com eles. Porque enquanto nós continuamos discutindo sobre ideologias, continuamos discutindo sobre todos os "ismos" (qual é o melhor? capitalismo, socialismo, comunismo, liberalismo, neoliberalismo, social-cristianismo...) os asiáticos encontraram um "ismo" muito realista para o século XXI e o final do século XX, que é o *pragmatismo*.

Para só citar um exemplo, recordemos que quando Deng Xiaoping (ex-Presidente da China) visitou Singapura e a Coreia do Sul, depois de se ter dado conta de que os seus próprios vizinhos estavam enriquecendo de uma maneira muito acelerada, regressou a Pequim e disse aos velhos camaradas maoístas que o haviam acompanhado na Grande Marcha: "Bem, a verdade, queridos camaradas, é que a mim não importa se o gato é branco ou negro, só o que me interessa é que caçe ratos". E se Mao estivesse vivo, teria morrido de novo quando Deng disse que "a verdade é que enriquecer é glorioso". E enquanto os chineses fazem isso - e desde 1979 até hoje crescem a 11%, 12% ou 13% ao ano e tiraram 300 milhões de habitantes da pobreza - nós continuamos discutindo sobre ideologias do atraso e populismos...  que devíamos ter enterrado há muito tempo atrás. A boa notícia é que Deng Xiaoping conseguiu fazer isto quando tinha 74 anos.

Olhando em volta, queridos Presidentes, não vejo ninguém que esteja perto dos 74 anos. Por isso só lhes peço que não esperemos completá-los para fazer as mudanças que temos que fazer.

Muchas gracias.
»

 

Mas é sempre dos outros labregos que se fala.

 

 

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