Hoje acordei aforístico e como sou um tipo do campo não entendo o culto a certos santinhos, falta-me a polidez e tudo o que me afasta do arado é um enfado, conto hoje com a ajuda preciosa de um olhar de águia nestes assuntos. O genérico da cerimónia das esferas douradas foi o seu melhor momento, incrivelmente premonitório por sinal, apreciei a lucidez do canal de televisão e salvo raras excepções foi um vácuo de distinção.
Não me move nenhum desdém pelos artistas, muito pelo contrário, mas a orátoria afaga-almas era dispensável, tive de conter os movimentos peristálticos do esófago com receio de ter que raspar o jantar da parede, é preciso ser-se artista para certos papéis. E dou por mim agora a fazer mais downloads ilegais, àparte do Sonoro da Buraka, nada de novo no panorama para além das causas que não saem lhes saem da carteira, se era para arranjar verdadeiros artistas com uma mensagem desenterrassem o John Lennon e o Zeca Afonso.
Na faceta fashion, os modistas do regime deviam ter vergonha de coser tais fatiotas(no sentido estrito de fato + idiota) e até deixar que alguma gente séria saia à rua naqueles preparos, mais grave ainda ter-se na conta de um criativo. Momentos houve que julguei terem mudado a cerimónia de local e a alcatifa vermelha indicava o caminho para um qualquer paço da mãe Joana no deserto do Nevada, não aponto índole menos própria a ninguém, mas quem não quer ser lobo também não lhe vista a pele. Quanto a classe ficamos conversados.