Não são precisas mais palavras, bastam as dele: ninguém as colhe assim, ninguém as põe deste modo ao nosso serviço, ninguém acerta assim com elas nas almas, ninguém perfura assim os corações. Por isso a sua luz - e o seu esplendor espiritual, e o seu fulgor criativo - irradiam em diversos meios. Em todos tem amigos, seguidores, admiradores, companheiros. José Tolentino Mendonça, 44 anos, sacerdote, poeta e intelectual fecundíssimo, tem o raro dom de interpelar, tocar, marcar. Para "servir" para lá de credos, idades e vidas.
"Como pode a Igreja percorrer a imensa distância entre a essência do Natal e a paganização crescente da sua celebração? Entre o consumo ofegante dos centros comerciais e o mistério da natividade? Ou seja, como deve a Igreja acompanhar os dias e os tempos?
A Igreja não deve simplesmente voltar costas à cultura. A cultura, como realidade vivida, nunca é a idealização que nós queríamos, mas é a realidade em bruto, onde os limites e as derivas saltam à vista. Os homens não são anjos. Pascal dizia que estamos a meio caminho entre a besta e o anjo. Seja o que for, é com esta cultura que a Igreja deve tentar um diálogo criativo. Mantendo um distanciamento crítico e uma proximidade cordial, afectuosa. As dificuldades não são desarmantes, são desafiadoras."