"Por vezes quando escrevo estes textos dou por mim a pensar se me terei transformado num dos velhinhos dos Marretas, a zurzir contra tudo e contra todos a partir do camarote. "Serei hoje uma pessoa tão amarga que não consegue ver a bondade, o carácter e a competência nem dos que nos governam, nem daqueles que nos querem governar?", pergunto eu aos meus botões..."
Ao ler este texto no jornal recordei-me dum outro que escrevi no passado.
"Enquanto dormia o avô, a sesta na poltrana da sala, o neto lanchava na cozinha, a avó cuidava de manter a limpeza e a paz em casa. O reguila fixa o olhar numa caixa no canto da bancada que selava do alfacto humano, o horrível cheiro de um queijo Limburger. Momentos depois sorrateiramente, abriu-a retirou um pouco do queijo e foi esfrega-lo na farta bigodaça do avô.Minutos depois o avô acorda e exclama 'Cheira mal nesta sala!', vai à cozinha e diz 'Cheira mal aqui também!' e a esposa olha-o de esguelha, pela casa barafustava 'A casa cheira mal!', sai pela porta, respira fundo, irritado grita 'O mundo cheira mal!'"