Textículo (*) s. m., texto ridículo; texto pequeno. (* não existe no dicionário)
19.6.09

[Houve quem sentisse a falta da alma textícular e o afirmasse com veemência e me instásse a escrever algo mais profundo, mais de mim e hoje como acordei egocêntrico, levantei-me contrariado, decidi escrever sobre mim. Aquilo que na realidade sou.] Sou um tipo dinâmico e não raras vezes fui visto a trepar paredes e a partir gelo, criei duas óperas aclamadas pela crítica e mesmo reservado ainda recebo correio de fãs e também sou capaz de gerir o meu tempo com eficiência. Não raras vezes participei em demonstrações de como caminhar movido apenas pela força centrífuga. Consigo pilotar veículos de duas rodas, ladeiras abaixo a alta velocidade, mantendo intacto o conjunto de dentes que ainda possuo. Cheguei a ser conhecido como remodelador de estações de comboio, tornando-as mais eficazes na retenção de calor. Sou mestre copeiro, um veterano apaixonado e um foragido à lei finlândesa, capaz de cozinhar em vinte minutos receitas que demoram trinta. Sou um artista abstracto, um analista concreto e um apostador falido.

 

Cativo as mulheres com a minha forma divinamente sedutora de tocar trombone. A minha sensibilidade para os arranjos florais grangeou-me a fama internacional junto dos círculos beduínos de botânica e de quando em vez traduzo textos subversivos para refugiados sulamericanos. Voleio a raquete em pequenos objectos com uma precisão mortal. Ocasionalmente, passo três dias seguidos dentro de água. Munido dum ancinho e dum balde com água defendi duma horda de ferozes formigas assassinas uma pequena aldeia africana. Frequentemente figuro como estrela principal de documentários de vida selvagem. Certa vez li a Guerra e Paz e os doze volumes do Paraíso Perdido, tudo num dia e à noite remobilei a sala de estar. Já participei em diversas operações secretas da CIA e de férias negociei com sucesso a libertação dum grupo de reféns às mãos dum grupo de terroristas peruanos barricados numa pequena padaria egípcia. Aos fins-de-semana apenas para libertar o stress participo em torneios de origami fullcontacto, quando estou aborrecido construo enormes pontes suspensas no quintal. Há uns anos atrás descobri o sentido da vida mas esqueci-me de o apontar.

 

Digo sempre a verdade, até quando minto! :)

 

 

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De Nojita a 19 de Junho de 2009 às 17:29
A modéstia fica-te bem!!! :D
Sim és grande e tu sabes!!!!
Gostei particularmente da conjugação da leitura num dia com o remobilar a sala de estar à noite!:D :D :D
Corar e limpar a baba se faz favor, antes que alguem escorregue e caia!

De texticulos a 19 de Junho de 2009 às 17:58
Já está!! Madame :P